“–
Você está bem, Holly? [...]
–
Sempre que alguém me faz essa pergunta, Sharon, eu digo: “Estou bem, obrigada”,
mas, para ser sincera, não estou. Será que as pessoas realmente querem saber
como alguém se sente quando fazem essa pergunta? Ou simplesmente estão tentando
serem educadas? – Holly sorriu. – Da próxima vez que a minha vizinha me
perguntar: “como você está?”, vou dizer “olha, não estou muito bem, obrigada.
Ando me sentindo deprimida e sozinha. Irritada com o mundo. Sentindo inveja de
você e da sua família perfeita, mas não sinto inveja de seu marido, que tem que
viver com você”. E então contarei que comecei em um novo emprego e conheci um
monte de gente, e que estou me esforçando muito para reerguer, mas que agora
estou perdida, sem saber o que fazer. Depois, direi que fico fula da vida
sempre que me dizem que o tempo cura quando, ao mesmo tempo, também dizem que a
ausência aumenta a saudade, o que me deixa muito confusa, porque quer dizer que
quanto mais tempo se passa, mas eu sinto falta dele. Direi que nada está sendo
curado e que todas as manhãs, quando acordo e vejo a cama vazia, parece que
estão esfregando sal em minhas feridas abertas. – Holly suspirou fundo. – Depois,
vou dizer a ela que sinto saudade de meu marido e que minha vida parece sem
sentido sem ele. E que estou me desinteressando em continuar a fazer as coisas
sem ele, e explicarei que parece que estou esperando o mundo acabar para
reencontrá-lo. Ela provavelmente dirá apenas: “Ah, que bom”, como sempre faz,
vai beijar o marido para se despedir e entrará no carro, para levar os filhos
para a escola, depois vai trabalhar, fará o jantar e jantará, e depois irá para
a cama com o marido e pronto, enquanto eu ainda estarei tentando decidir que
cor de camisa vestir para trabalhar. O que você acha? – ela concluiu e se virou
para Sharon.”.
(P.S.
Eu Te Amo – Cecelia Ahern, págs. 210 e 211)
Nenhum comentário:
Postar um comentário