15/06/2015

“– Você está bem, Holly? [...]
– Sempre que alguém me faz essa pergunta, Sharon, eu digo: “Estou bem, obrigada”, mas, para ser sincera, não estou. Será que as pessoas realmente querem saber como alguém se sente quando fazem essa pergunta? Ou simplesmente estão tentando serem educadas? – Holly sorriu. – Da próxima vez que a minha vizinha me perguntar: “como você está?”, vou dizer “olha, não estou muito bem, obrigada. Ando me sentindo deprimida e sozinha. Irritada com o mundo. Sentindo inveja de você e da sua família perfeita, mas não sinto inveja de seu marido, que tem que viver com você”. E então contarei que comecei em um novo emprego e conheci um monte de gente, e que estou me esforçando muito para reerguer, mas que agora estou perdida, sem saber o que fazer. Depois, direi que fico fula da vida sempre que me dizem que o tempo cura quando, ao mesmo tempo, também dizem que a ausência aumenta a saudade, o que me deixa muito confusa, porque quer dizer que quanto mais tempo se passa, mas eu sinto falta dele. Direi que nada está sendo curado e que todas as manhãs, quando acordo e vejo a cama vazia, parece que estão esfregando sal em minhas feridas abertas. – Holly suspirou fundo. – Depois, vou dizer a ela que sinto saudade de meu marido e que minha vida parece sem sentido sem ele. E que estou me desinteressando em continuar a fazer as coisas sem ele, e explicarei que parece que estou esperando o mundo acabar para reencontrá-lo. Ela provavelmente dirá apenas: “Ah, que bom”, como sempre faz, vai beijar o marido para se despedir e entrará no carro, para levar os filhos para a escola, depois vai trabalhar, fará o jantar e jantará, e depois irá para a cama com o marido e pronto, enquanto eu ainda estarei tentando decidir que cor de camisa vestir para trabalhar. O que você acha? – ela concluiu e se virou para Sharon.”.

(P.S. Eu Te Amo – Cecelia Ahern, págs. 210 e 211)

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