Era
madrugada, os ventos e o frio já anunciavam a chegada do mês de maio e lá
estava eu, esperando o ônibus para vir embora. E lá estava ele, se abrindo,
contando sobre sua vida e eu conhecendo um pouco da vida de alguém que eu
pensava que tinha uma vida relax, afinal, queria conhecê-lo porque o achava a
maior comédia.
Eu
sabia o que ele pretendia, não me emprestou seu casaco apenas por ser legal,
queria um beijo, mas não era bem o que eu pretendia.
Se
ele soubesse o que nos ligou, ia rir de mim ou me achar idiota, talvez os dois.
Ele
tentou me seduzir com diferentes armas (e devo admitir que acertou em cheio),
mas eu não podia fazer algo da qual fosse me arrepender depois e, por isso, não
cedi.
Sabíamos
que era inevitável um beijo, mas não assim.
Conversamos
e ele foi bem direto nas suas intenções: um beijo, pelo menos, um!
Fui
tão clara quanto ele, perguntei o que ele falaria depois, se ia contar vantagem?
Se ia me detonar? Se ia aumentar a história? Guardar segredo? Muitas opções,
talvez um mix disso tudo ou nada disso.
Por
mim, apenas a verdade, só a verdade!
Afinal,
estou cansada de caras idiotas que para mostrar poder e masculinidade ficam
aumentando e transformando um beijo em um monte de coisas. Além disso, ainda
tinha algo que eu precisava resolver internamente.
O
ônibus chegou e eu precisava ir, devolvi o casaco, peguei minhas bolsas e
caminhei, olhei para trás e afirmei olhando nos olhos dele:
-
Esse beijo vai acontecer, mas não hoje, não assim. Me espera, eu volto!
Uma
piscada de olho e subi os degraus do ônibus, no caminho pensei sobre o assunto,
sorri sozinha e tive certeza que maio só estava começando e muitas coisas ainda
me aguardavam...
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